Em toda Copa do Mundo a história se repete. Enquanto a família Schlee se reúne em Pelotas, no Rio Grande do Sul, para assistir aos jogos do Brasil, Aldyr fica indiferente. Nem o apelo da esposa, dos filhos e dos netos o leva a torcer pela seleção brasileira. “Sou Uruguai, desde guri é assim”, conta o jornalista, que nasceu em Jaguarão, na fronteira do Brasil com o país vizinho.
A escolha de Aldyr Schlee poderia passar despercebida não fosse um “pequeno detalhe”: foi ele o criador do maior símbolo da seleção brasileira, a camisa amarela. Em 1953, aos 19 anos, o jornalista venceu um concurso do jornal “Correio da Manhã” para a escolha do uniforme do Brasil, que até então tinha o branco como cor predominante.
O jornalista aprovou a imagem da camisa que o Brasil usará na Copa do Mundo na África do Sul. “Ficou bonito, bem próximo ao tradicional”, afirmou. Reação diferente da que teve semana passada, quando foi surpreendido com a nova camisa azul da seleção brasileira, com estrelas amarelas no tecido. “É uma coisa revoltante como eles alteram o desenho assim. Ficou ridícula, tchê”, reclamou.
Em 2004, ele esteve com representantes da Nike, fabricante do uniforme da seleção. Eles queriam ouvir as opiniões do criador da camisa canarinho. “Eu reclamei com eles. Aquela camisa que fizeram com um círculo verde me deixou revoltado. A de 2002 também não dava, com aqueles riscos, iguais a todas as outras seleções da empresa”, contou.
Mesmo tendo gostado da camisa que será usada na África do Sul, Aldyr diz que não existe a mínima chance de usá-la. “Até tenho umas aqui que me deram. O pessoal da Nike, mesmo, manda sempre quando fazem uma nova. Tentam me comprar, mas não adianta: sou Uruguai e ponto!”
iG: O que você achou da camisa que o Brasil vai usar na Copa do Mundo?
Aldyr Schlee: Gostei. Está muito bonita. Vai ser o uniforme mais próximo ao tradicional. O conjunto vai ficar bonito também, com o calção azul e a meia branca. O importante também é que fique confortável para os jogadores. Estou dando minha opinião como quem gosta de futebol. Não me sinto dono de nada. Agora, o que não dá para agüentar é aquela camisa azul com amarelo. Ficou ridícula!
iG: Por quê?
Aldyr Schlee: Não tem nada a ver com a ideia original: azul com os detalhes brancos. Aqueles detalhes amarelos são uma vergonha. Eu fico pensando nos torcedores que comprarem essa camisa azul com os detalhes amarelos. Eles vão ver os jogos com a camisa da Suécia? (risos). Não tem nada o que ver com o Brasil. O segundo uniforme original é a camisa azul com o calção branco. Não essa azul com umas coisas amarelas. Ficou horrível isso aí. Agora é um problema para quem vai vestir, os torcedores. Meu filho, por exemplo.
iG: Mas você nunca torce para Brasil?
Aldyr Schlee: Torço pelo Grêmio Esportivo Brasil de Pelotas, meu clube, que tem um uniforme muito bonito. Camisa tradicional, vermelha, com calção preto e meia branca. Agora, seleção eu sou Uruguai desde guri. Nasci em Jaguarão, fronteira com o Uruguai, e minha cultura futebolística é de lá. Em época de Copa do Mundo, o pessoal lá em casa fica pegando no pé, minha esposa, filho. Eles torcem pelo Brasil. Mas eu sou Uruguai e ponto. Eu sei que a seleção do Uruguai muda bastante a camisa também. Já colocaram uns riscos pretos, brancos na tradicional celeste olímpica. Agora, não fui eu o criador da camisa do Uruguai, essa é a diferença (risos).
iG: Você se incomoda mesmo com mudanças em camisas de futebol?
Aldyr Schlee: Claro, tem que respeitar o desenho original. A do Brasil, por exemplo, mexeram demais nos últimos anos. Foi sendo deformada e descaracterizada com a entrada dos fabricantes e dos patrocinadores. Me lembro quando colocaram aquele logo “Café do Brasil”. Depois vieram as marcas esportivas. Na de 1994 tinha aqueles distintivos grandes da Confederação Brasileira de Futebol, desenhados no tecido mesmo. Mas os grandes problemas, na minha opinião, surgiram nos últimos anos. A Nike começou a colocar detalhes verdes, no ombro e no meio da camisa. Teve até aquele círculo em volta do número. Transformaram o canarinho em papagaio. Um papagaio real, sei lá o que (risos). Aquilo me deixou furioso.
iG: Você foi ouvido alguma vez sobre as mudanças?
Aldyr Schlee: Em 2004, eles vieram falar comigo. Uns homens da Nike aqui no Brasil. Disse que era preciso resguardar mais a tradição da camisa, fazer algo mais clássico, usando a identidade dela. E isso aconteceu. As camisas ficaram mais próximas da original. Agora, eles fizeram essa azul com amarelo, que é um desatino, uma coisa horrível, de péssimo gosto.
iG: Mas você tem alguma camisa da seleção brasileira?
Aldyr Schlee: Tenho umas que me deram. O pessoal da Nike, mesmo, manda sempre que faz uma nova. Tentam me comprar, mas não adianta: sou Uruguai e ponto!
iG: Como é para você ser o inventor de um símbolo conhecido e usado no mundo todo?
Aldyr Schlee: Eu tinha 19 anos quando participei do concurso. Não tinha ideia que a camisa da seleção ia virar esse símbolo que é. Hoje, acho que é mais conhecida que a bandeira nacional. Mas tudo aconteceu pelo futebol brasileiro, pelos jogadores que criaram esse mito.
iG: Até 1950, o Brasil usava uma camisa branca. Como surgiu a ideia de usar o amarelo?
Aldyr Schlee: Pensei em usar verde e amarelo porque são as cores mais representativas da bandeira. Fiz vários esboços, inclusive uma camisa com as duas cores que ficou horrível (risos). Mas a combinação que achei melhor foi a com a gola verde e com o calção azul, além da meia branca. Fiz o desenho, num cartão de 30 cm por 40 cm. Só mandei porque um primo meu, que trabalhava em uma companhia aérea em Pelotas, enviou. Graças a ele, ganhei o concurso. Engraçado é que é o único na família que, assim como eu, também torce para o Uruguai.
FONTE. http://copa2010.ig.com.br/selecoes/brasil/camisa+azul+do+brasil+irrita+criador+da+canarinho/n1237550066901.html
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